domingo, 30 de junho de 2013

Edward Snowden

Se as acções de prepotência dos EUA em relação ao resto do mundo são conhecidas, porque será que as lideranças da UE estarão agora a dar tanta importância ao caso de Edward Snowden?
Enquadremos a actualidade do política europeia. Parece ser uma evidência que as políticas de austeridade acabaram por golpear também as economias do centro, o que terá consequências para o capital europeu. Acontece que os papagaios andaram anos a convencer os povos centrais de que os povos da periferia teriam que pagar as suas dívidas. Inicialmente, as dívidas da periferia eram a privados; agora são maioritariamente a entidades públicas ou multilaterais. Antes eram para ser pagas porque senão os privados perdiam; agora se não forem pagas, perdem os estados, ou seja, todos os cidadãos. Por isso já não é grave que se deixem de pagar ou que se estendam os prazos e se diminuam os juros. Mas como podem as lideranças europeias mudar de discurso sem perder a face?
Um inimigo externo pode ser o motivo para a mudança de agulha que terão que fazer se ambicionarem a manter a Europa unida.
Por outro lado, espera-se que o dólar venha por aí abaixo. A impressão de dólares num mercado em que todos os que podem se libertam dessa divisa tem consequências. A manipulação que os EUA têm andado a fazer ao simular a venda massiva de ouro, o jogo que têm andado a fazer com o euro, a comercialização de petróleo noutra coisa que não seja dólares, poderá motivar as lideranças europeias a se afastarem dos EUA, e para isso nada melhor do que apoiar-se numa das asneiras que os EUA sempre fizeram.
Pelo meu lado, preferia não depender de outros (que lutam sempre pelos seus interesses), e podermos antes ser nós a tomar as rédeas do nosso destino: saindo do euro e dirigindo a nossa economia para os nosso benefício, tratando do problema da dívida, e em vez de remunerar a quem empresta dinheiro ao estado cobrar impostos sobre o capital.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Evidências de que o sistema está a ruir e parece que não passa nada

Recordemos quais são os princípios básicos do capitalismo. Existem umas pessoas que por alguma razão têm muito dinheiro e que procurando aumentar essa quantidade de dinheiro, combinam materiais, pessoas e saber fazer, fazendo assim com que a economia se desenvolva e principalmente criando empregos.

Vejamos o seguinte:

1. Os fogos. Há algum tempo, decidiu-se que as empresas privadas faziam sempre melhor que o estado e por isso fizeram-se grandes contratos para garantir que os bombeiros teriam sempre o necessário para poder apagar os fogos: aviões. Mas como a coisa não funcionava lá muito bem, foi-se mudando de empresa. Agora que o dinheiro acabou, o estado decidiu usar os meios da força aérea para resolver o problema.

2. Os medicamentos. O Ministério da Saúde decidiu reduzir as margens de lucro das farmacêuticas e estas em reacção entenderam que ganhavam mais se vendessem ao exterior, o que fez com que o governo decidisse que seria o exército a produzir alguns medicamentos.

Ambas as decisões são marcadas pela objectividade, pelo realismo. É o estado a fazer o que os privados não querem, não podem ou não sabem.

Mas então... se funciona em aeronaves e medicamentos... porque não seguir em frente? Se importamos trigo, temos o exército para resolver o problema, pois terra ao abandono é coisa que não falta. Se importamos peixe, temos a marinha para resolver o problema, pois mar temos mais do que qualquer outro país europeu e barcos, usa-se as corvetas de fiscalização. Se importamos telemóveis temos o exército para os produzir... afinal, sai tudo mais barato. De qualquer forma, os militares são um custo que temos que ter sempre... e ainda por cima, não fazem greve... É só vantagem, possivelmente ainda conseguimos começar a exportar...

Mas afinal... o mercado e a livre iniciativa não são sempre a melhor solução?

Onde é que isto falha? Levemos a ideia até ao extremo. As forças armadas começam a entrar nas áreas de serviços e na áreas produtivas, e eventualmente até passam a garantir tudo o que é essencial, pois o excedente das exportações até poderá chegar a pagar às pessoas para ficarem em casa sem produzir. Quem fica de fora? Precisamente aqueles cuja função é precisamente combinar materiais, pessoas e saber fazer. Então para que serve o capital acumulado? Para nada, pois deixaram de conseguir cumprir aquilo que justificava que mantivessem a sua riqueza acumulada.

Isto tudo para dizer que depois de as reformas e os salários terem sido postos em casa, chegou a hora de atacar os direitos adquiridos da parte de cima da população, chegou a hora de libertar os pobres das amarras da miséria e da dívida e aplicar a austeridade a quem tem andado caladinho para ver se passa incólume por esta crise. Afinal, a justificação para a manutenção destes privilégios já não se verifica porque deixaram de conseguir conjugar materiais, pessoas e saber fazer dessa forma obter lucro e principalmente, criar postos de trabalho.

quarta-feira, 19 de junho de 2013


Não sei se viram hoje o discurso de Barak Obama e Angela Merkel na Porta de Brandenburgo. Em pleno coração da Alemanha, no local simbólico da queda do Muro de Berlim, reunificação das duas alemanhas e do triunfo do Ocidente sobre o Pacto de Varsóvia e a URSS, voltamos a constatar que o chamado Mundo Livre triunfou: temos uma praça cheia de gente, de povo, agitando alegremente bandeirinhas. Mas espera... porque razão é que o discurso dos dois líderes incontestáveis do Mundo Ocidental é feito atrás de um vidro? Não me digam que eles estão como medo de morrer às mãos (às balas) dos miseráveis, dos estropiados, dos esfomeados, dos deserdados? Afinal... pretendia ser um momento histórico e penso que foi bem conseguido.

domingo, 16 de junho de 2013

Sobre a actualidade da Turquia

Como conjugar a violência que se está a assistir na Turquia e as elevadas taxas de crescimento económico? A resposta para isto poderá estar no índice de Gini, que mostra que na Turquia a desigualdade tem vindo a aumentar. Parece ser que mais do que crescimento económico deveria de haver uma melhor distribuição da riqueza.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Imaginemos o seguinte cenário para Portugal

Suponhamos que PCP e BE chegam a um entendimento eleitoral.
Suponhamos que em conjunto obtêm 25% dos votos.
Suponhamos que o PS obtém pelo menos 25% dos votos.
Suponhamos que nenhum partido obtém maioria absoluta.
Suponhamos que o BE e PCP propõem um entendimento ao PS.
Suponhamos que o PSD e o CDS propõem um entendimento ao PS.
Pergunto que faria o PS? Optaria pela esquerda ou pela direita? Pessoalmente estou convencido que a cúpula do PS pegava nos seus votos e preferia um entendimento à direita.

Há indícios de que os votantes no PASOK e da Aurora Dourada são os mesmos


O gráfico é recolhido de http://en.wikipedia.org/wiki/Next_Greek_legislative_election, intitulado "Graphical Summary", onde o PASOK é representado a verde e a Aurora Dourada a Negro.
Isola na tua cabeça os gráficos verde e negro. Observarás que quando um cresce, o outro diminui na mesma magnitude e vice-versa. Mais: em qualquer instante, se somares o valor negro com o valor verde, vais ver que anda sempre à volta dos 20%, o que indica que há uma relação directa entre os dois gráficos.