sábado, 31 de dezembro de 2011

Comparações

Na Rússia de Putin houve a 24 de dezembro uma manifestação que foi notícia em todo o mundo. Não se tratou de uma celebração do Natal porque a igreja ortodoxa não segue o calendário gregoriano. Tratou-se uma manifestação que reuniu 120 mil pessoas em Moscovo, que tem mais de 10 milhões de habitantes. Para nós, reunir 120 mil pessoas numa manifestação em Lisboa é quase banal. Que será que torna os 1,2% da população da cidade fundada por Yuri Dolgoruky mais relevantes que os 6% da população da cidade fundada por Ulisses que leva comentadores a clamar pela destituição de Putin e não pela de Passos Coelho?

RSI

domingo, 11 de dezembro de 2011

Idiotocracia Plena

Como cães e gatos

No início era só um cão. O meu mundo era perfeito. Obediente, fiel, bem comportado, carinhoso. Veio para nossa casa porque tínhamos decidido que era melhor ter um cão porque o Zezinho (o meu filhote, então com 9 anos) necessitava de uma responsabilidade e de entender como é a vida, a morte e aquilo que está entre ambas. No dia a seguir à decisão, a Clarinha (a minha filhota, então com 16 anos) informou que havia uma ninhada de cachorros recém nascidos que iam ser sacrificados porque os donos não os queriam. Disse-lhe que deveria deixar o cachorro crescer um pouco porque senão poderia não sobreviver. Mas no dia a seguir apareceu com o cachorrinho cá em casa com a desculpa que o iam matar. E ficou. Nem andar sabia. Tivemos que lhe dar de mamar. As primeiras vezes ainda fez as suas necessidades em casa, mas rapidamente aprendeu a pedir para ir à rua. Era tal a relação com o Zezinho que era difícil entender se era o cão que julgava que era irmão do Zezinho, se pelo contrário, era o Zezinho que era irmão do cão. De facto, o mundo era perfeito.

Entretanto, a Clara cresceu e foi para Coimbra. Coisas da vida, volta para casa depois de algum tempo. Mas veio com uma deliciosa gatinha de 3 meses. E a paz terminou. A gata também é asseada mas pelo contrário não é nem obediente, nem fiel, nem bem comportada, nem carinhosa, ou antes, só o é quando assim o entende. Sobe para cima da mesa da sala e o cão zanga-se com ela. Sobe para cima dos armários, e o cão zanga-se com ela. Sobe para cima das camas e o cão zanga-se com ela. Afinal, ele sabia as regras muito bem. Ele era um cão, um ser inferior que devia respeito aos seres superiores da família. Mas a gata, que em aparência é mais cão que ser humano, não se comporta como ser inferior. E isso irrita o cão. Não podem estar juntos. Ele quer cheirá-la e ela quer brincar com ele. Ele ladra-lhe e tenta mordê-la e ela tenta arranhá-lo. Falam linguagens incompreensíveis um para o outro.

Na realidade, o cão é isso mesmo: um cão, que obedece e dá a vida pelo seu dono, que aceita as regras existentes sem as questionar. Pelo contrário, a gata é rebelde, não aceita regras ou imposições de outros. Pensa no seu próprio interesse e actua em função disso. Pelo meu lado, eu gostaria que a gata deixasse de ser gata. Sentia-me bem num mundo em que os seres inferiores conheciam a sua posição e a defendiam como correcta. A gata pelo contrário, é uma insatisfeita com a ordem instituída. Digamos que a gata é de esquerda e o cão de direita. Por isso, a gata quer viver a sua vida como acha que esta deve ser vivida e faz para tal; pelo seu lado, o cão defende os seus senhores mesmo que tenha uma vida semelhante à da gata, e não questiona a sua subserviência e existência de segunda categoria. Isto a mim faz-me entender a ira que sentem os senhores deste mundo quando encontram gatos rebeldes e a complacência e agradecimento aos cães sabujos deste mundo, e por isso premeiam-nos com os ossos grandes do seu manjar para que estes o se sintam agradecidos pela ordem natural do mundo e assim o continuem a defender.

Por isso, felinos de todo o mundo, uni-vos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Discurso de la presidenta Cristina Fernández de Kirchner en Cannes



O facto de a Argentina fazer parte do G20 e apresentar-se como uma nação forte e poderosa choca contra a ideia habitual de que se trata de um país falhado. Vale a pena ouvir o que diz a presidente deste país na conferência de Cannes. Parece que nós vivemos no inferno e eles vivem no paraíso.

Analizando flimes e séries

A forma que Zizek tem de inferir ideologia através dos filmes e séries tem-me feito ver um segundo ou terceiro plano no que passa na TV. Talvez ele já tenha escrito o que se segue, mas eu ainda não li. A ideia é que há cada vez mais filmes sobre mortos vivos. Parece que os zombies são a norma. Não sei se se referirão aos bancos insensíveis ou aos cidadãos que não reagem. Também há cada vez mais filmes de vampiros, uns bons, outros maus, numa altura em que a imensa maioria é sugada diariamente. Os bons parecem arrepender-se da sua natureza predatória ou então vivem com capacidades acima do comum e num mundo diferente daquele que os seres humanos vivem. Mas não deixa de ser também curioso a ausência de filmes sobre escravos. Talvez seja porque a imposição de mais horas de trabalho é demasiado recente e ainda não foi transposto para o cinema, ou pelo contrário, com o aumento do desemprego a escravatura tenha deixado de pesar.

Cenários de outro mundo

Aplicando a analogia grega a Portugal, suponhamos que aqui em Portugal, o PS propõe um governo de unidade nacional... que gostaríamos nós que a esquerda à esquerda do PS fizesse?
Ou suponhamos, que o PSD propõe um governo de unidade nacional... que gostaríamos nós que a esquerda à esquerda do PS fizesse?
É que o segundo cenário poderá vir a ser uma realidade... afinal o PS até se abstêm ao OE apresentado pela direita com o argumento que o PS é um partido responsável... esta última palavra enche-me as medidas... responsável de quê? responsável por quem?

Gemacht in Deutschland

Isto cada vez parece mais outra coisa qualquer diferente de uma democracia. Quem decide pelos destinos de toda a Europa são pessoas que foram eleitas por cidadãos de um só país. É como se o Passo Coelho tivesse sido eleito por Trás-os-Montes mas governasse para todo o país. Se virmos bem temos algo parecido com um caso Limiano (em que um deputado eleito por uma pequena região do norte de Portugal decide o sentido do País graças a umas benesses para a sua região) a nível Europeu (em que uma senhora eleita por um Estado com 80 milhões decide pela totalidade dos 500 milhões que compõe a UE, que nem maioria absoluta são). Afinal, a Alemanha até não é assim tão original como dizem... tinha que copiar uma ideia muito bem esgalhada deste nosso cantinho...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Apropriado

No Dia de Todos os Santos (também há quem lhe chame de Dia dos Mortos) a Grécia redescobre a democracia.

sábado, 29 de outubro de 2011

Posmodernismo

Quando são os próprios membros do Governo, que são convenientemente alimentados pelos contribuintes que afirmam que o Estado não pode garantir a todos os cidadãos o essencial e por isso quem necessita de ajuda deve procurar apoio na Sociedade Civil, quando se pode gastar dezenas de vezes mais em salvar milionários de perdas, porque, imagine-se, que até os bancos estão a ter uma diminuição dos lucros enquanto a grande maioria da população está a ter um aumento dos prejuízos, quando são os próprios governantes que defendem uma sobrevivência austera, é bom recordar que cada um vê o mundo subjectivamente diferente. Por exemplo, enquanto a larga maioria da população só está a pensar numas modestas Iscas à Portuguesa ou numa simples Dobrada com Feijão Manteiga, os nosso governantes poderão estar a pensar numa soberba posta alta de petinga, ou numa suculenta asa de coderniz.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Francisco Louça: a esquerda contra a dívidadura

https://sites.google.com/site/repositorioelementoabsorvente/esquerdacontraadividadura%5B1%5D.pdf

O Louçã faz um excelente texto. Limita as possibilidades do que aconteceria na saída do euro. Simplifica as consequências e não considera as decisões políticas que se tomariam nessa eventualidade. Sendo um excelente político, não coloca como possibilidade que os defensores da saída do euro usem essa ferramenta que ele tão bem usa: a política. E talvez ainda mais grave, não considera a possibilidade de que aqueles que fiquem no euro sejam aqueles que não conseguem abandoná-lo. Mas o mais interessante é que considera que a solução seria que a CGD, o Estado Português, o Banco de Portugal, ou quem quer que seja, emitisse moeda. Seria excelente, tinha-se dinheiro para tudo e mais alguma coisa, e até se poderia ser comedido e gastar só na reactivação de actividades produtivas. Suponhamos que nem haveria inflação, suponhamos que para evitar que os privados fugissem com o dinheiro que recebem para arrancar actividades produtivas, passasse o Estado a assumir a função de produtor, para desta forma se reactivasse a economia. Suponhamos que até consegue que as coisas corram bem internamente. Excelente... com um pequeno senão... as regras actuais impedem que um dos estados do euro ou que alguém em seu nome crie moeda, e nisso a Frau Merkel é inflexível e essa inflexibilidade dura mais dois anos, pois só há eleições federais na Alemanha em 2013. Mas como Portugal é um estado soberano, até o decide fazer: emite moeda, ou seja, emite euros. Mesmo contra a autoridade da Frau Merkel. Que é que ela fará? Ela, a Alemanha, a Finlândia, a Áustria, e todo o gestalt merkeliano, acusarão os portugiesisch das maiores infâmias, de terem violado a ordem matriarcal perfeita que é o monopólio de emissão de moeda do banco de Frankfurt, que é só emitir moeda para bancos privados. Em poucas horas, a Alemanha e satélites, abandonam em bloco o euro... e então os que ficarem poderão fazer com a moeda o que quiserem, e em vez de termos o escudo, temos algo que tem outro nome, tem outra cor, tem outra paridade, muitas estrelinhas e pontes, mas que será uma moeda muito desvalorizada que em tudo se assemelhará ao escudo de que tanto se foge.

Parece-me que afinal, mesmo sem nos apercebermos, padecemos todos da doença, do mesmo vírus que nos deixou o neoliberalismo. De alguma forma, nalgum momento, todos nos esquecemos que além de haver economia, existe política, que mesmo que as leis económicas correntes obriguem a determinada coisa, se quem está à frente assim o entender, muda o rumo contra tudo e contra todos, porque toma uma decisão política. E assim, mudam-se as regras e então automaticamente passamos a assumir que as leis da Natureza mudaram... e voltamos a tecer cenários em que as decisões políticas são inexistentes.

Voltando ao texto do Louçã, a sugestão de como actuar mantendo-se no euro é excelente. A interpretação da realidade actual é correcta. E serve mesmo que não se esteja de acordo com a premissa (a saída ou manutenção no euro), e por isso estamos destinados a entender-nos.

GREVE GERAL - 24 Novembro 2011 - Basta de mistificações

Boaventura Sousa Santos na SIC - 14 de Outubro de 2011

Documento da Cimeira de 26 de Outubro de 2011

https://sites.google.com/site/repositorioelementoabsorvente/DOC-11-7_FR.pdfhttp://www.blogger.com/img/blank.gif


Não resolve o problema de fundo: a reciclagem dos excedentes em actividades produtivas nos deficitários e pelo contrário aumenta as assimetrias entre países. Sem governo europeu, federal, um cidadão de um país excedentário nunca aceitará que uma parte do lucro por si gerado (mesmo que não o usufrua) seja transferido para um país deficitário. A única forma de isso acontecer seria com um governo federal. A coordenação de regras só serve para que os deficitários se portem bem cumprindo as regras definidas pelos excedentários (que são aquelas que lhes interessam aos excedentários para continuar nessa cómoda posição de excedentes sempre crescentes em relação aos deficitários, o que até permitirá que a UE no seu conjunto ao não desenvolver economicamente os deficitários, se torne no conjunto deficitária em relação ao resto do mundo, o que implicará uma pauperização gradual dos cidadãos dos países deficitários, até que seja equivalente investir nos deficitários ou no oriente) e paguem o que compram aos excedentários, mesmo que para isso se contraiam cada vez mais, porque não têm capacidade para reinvestir em actividades produtivas, e pior: mesmo que o conseguissem fazer a muito custo, como a forma de produzir não é competitiva, ninguém iria comprar o que eles produzem... Por outro lado, os deficitários poderiam ficar com o trabalho que não é automatizavel e que por terem preço de mão de obra menor o que seria de todo conveniente para os excedentários... mas para isso funcionar a UE teria iniciar um processo de proteccionismo em relação ao oriente asiático... como por razões ideológicas isso está posto de parte, não vejo como isto pode ser bom para os deficitários... o que só aumenta a minha apreensão pessoal sobre a manutenção numa Europa destas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Hino do PSD




"Hino PSD 2011- Mar..."
Este vídeo já não está disponível devido a uma reivindicação de direitos de autor apresentada por Partido Social Democrata.
Pedimos desculpa.

http://www.youtube.com/watch?v=FzgrJJTMzik

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nós e os bancos

Estou a ouvir um tipo com responsabilidades na área dos bancos. É curioso que quando fala dos cidadãos refere-se a eles como nós mas enquanto fala dos bancos, refere-se a eles como os bancos quando na realidade, o nós dele é os bancos. É assim que se convence os carneiros.

A quimera do euro

Federal e confederal

Queimar etapas

Esta Europa acabou

Será que não há justiça neste país?

É hoje notícia que 66% do País está em risco de desertificação o que implica que a maior parte da terra poderá deixar de ser produtiva. Mas será que os senhores que dão estas notícias não entendem que o que dizem tem implicações? Afinal, para fazer o que estes senhores sugerem implicaria um aumento da despesa de forma criminosa, o que implicaria dívidas inaceitáveis para as futuras gerações. Será que não entendem que um país globalizado já não depende da terra pois o que necessita para comer é produzido em qualquer outra parte do mundo? Sem dúvida, deveriam ser presos por assustar a população com notícias irrelevantes e desviar os cidadãos do Desígnio Nacional que constitui o equilíbrio das contas públicas!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comprar, descartar, comprar. A obsolescência planeada

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin: Quem está disposto a abdicar de parte da sua liberdade em favor da sua segurança não merece nem uma coisa nem a outra.

Países aparentemente diferentes

Uma jovem fez a seguinte observação: os alunos de uma turma universitária em Coimbra e os alunos de uma turma universitária em Lisboa parecem de ser de países diferentes. Em Coimbra, a larga maioria dos alunos está contra o pagamento de propinas; em Lisboa, a larga maioria dos alunos está a favor do pagamento de propinas. Curiosa constatação. Em Coimbra, a larga maioria dos alunos estudam nesta cidade mas residem fora dela; em Lisboa, a larga maioria dos alunos estudam nesta cidade e nela residem. Em Coimbra, a solidariedade e entreajuda transpira pelos poros; em Lisboa, impera a competição. Em Coimbra, estuda-se por sebentas e fotocópias; em Lisboa os alunos e professores assumem que os alunos compram os livros. Em Coimbra, os alunos consideram que estudar deveria ser grátis; em Lisboa, os alunos consideram que pagar propinas altas é uma garantia de qualidade no ensino.

Após a conclusão do curso, a diferença entre ambos esbate-se. Antes da conclusão do curso, quem reside em Lisboa acredita ingenuamente que o mercado da grande cidade está ao seu dispor. Depois da conclusão do curso, chega-se duramente à conclusão que a canção dos Deolinda retrata a história da sua vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Luta entre um ex-maoista e uma ex-comunista

Recordo-me que na ex-RDA, poucos meses antes da queda do muro, também houve eleições livres e o PSUA também teve uma maioria folgada. Logo a seguir, cai o muro, volta a haver eleições e o mesmo PSUA perde por larga maioria. Curiosamente, uma tal Merkel fazia parte deste mesmo PSUA... e agora temos uma ex-comunista como imperatriz europeia e um ex-maoísta como presidente da comissão europeia que travam uma luta desconhecida. Se há uns anos, alguém tivesse inventado esta história, seria visto como uma pessoa completamente desligada da realidade... mas se há coisa que tenho aprendido é que a realidade é sempre mais fantástica que a imaginação. Pois então sonhemos, porque certamente o que acontecerá será muito mais inverosímil do que aquilo que nos passe agora pela cabeça.

O plano perfeito

Declaremos uma verdade não demonstrada: O sector privado faz sempre melhor que o sector público. Até o Governo o diz. Por essa razão, e por uma questão de franqueza para com os votantes, o Governo deveria dizer publicamente que devido à aplicação da verdade enunciada, é incompetente e que a sua função deveria de ser privatizada lançando assim um concurso internacional. Por enquanto ainda dispomos de território que poderá ir servindo como forma de pagamento.

Acontece que quando foi eleito, o Governo já tinha a vida simplificada... pois um consórcio internacional já se tinha adiantado, oferecendo à cabeça quase 80 mil milhões de euros a serem pagos em tranches ao longo de 3 anos.

E como a terra não serve para grande coisa, pois esta só vale se tiver labregos lá dentro para a trabalhar, preferiram que vendêssemos as nossas empresas (energia, transportes, correios) a preço de saldo, pois a renda que estas geram é mais fiável, já que os consumidores estarão cativos de monopólios. Bem visto.

Além disso, pediram também que a sociedade fosse alterada de forma a que aqueles serviços que ficavam nas mãos do Estado (sistema de ensino e de saúde) fossem dados a empresas privadas de forma a gerar rendas graças novamente ao facto de os consumidores passarem a estar cativos de monopólios. Novamente tratou-se de um bom negócio.

Mas como todo o negócio deveria ser financiado, e além disso, era boa ideia reduzir o preço da mão de obra, propôs-se reduções salariais e aumento de impostos aos contribuintes.

Na realidade, conseguiu-se fazer com sucesso o outsourcing da governação. Desta forma, deixou de ser necessário enunciar qualquer política económica, qualquer orientação para os próximos anos a não ser a afirmação de que ainda vai ser pior.

Assim, o consumidor limita-se a cumprir com a sua nobre função de consumidor e contribuinte, o que garante a manutenção das tão necessárias rendas. Além disso, consegue-se um mercado de 10 milhões que produzem cada vez menos o que aumenta a necessidade de maiores importações.

O plano é perfeito. Nada pode falhar. Acabaram-se os problemas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Relação entre pessoas individuais e povos individuais

Quando estava na antiga União Soviética a estudar morava numa residência de estudantes onde havia gente de todo o Mundo: europeus dos dois lados do muro, tanto do norte da Europa como do sul, Norte-Americanos e Canadenses, Japoneses, coreanos dos dois lados, Vietnamitas, latinamericanos de todos os países sem excepção, africanos de todos os países desse continente, árabes desde a Mauritânia até indonésia, asiáticos budistas, muçulmanos, judeus, ateus, brancos, pretos, amarelos, vermelhos... havia de tudo. Curiosamente, quando se perguntava a alguém de onde era no seu país, enquanto os que viviam em sociedades com alguma segurança social afirmavam que eram de determinada cidade do seu país, aqueles que viviam em sociedades com muitas desigualdades sociais ou em guerra, diziam que eram de determinada parte da cidade onde vivam que assumiam que todos sabiam que era a zona rica, ou de determinada região do seu país que assumiam que todos sabiam que era a zona rica do seu país. Penso que era uma forma de afastar de si a miséria e a pobreza com que tinham que conviver no dia-a-dia quando se encontravam no seu país.

Curiosamente, está-se a verificar a mesma lógica entre os países da União Europeia: a Islândia entrou em bancarrota, e os restantes países europeus apressaram-se a dizer que não eram a Islândia; a Grécia caiu, está próxima da bancarrota; a Irlanda e Portugal apressam-se a dizer que não são a Grécia; a Espanha e a Itália apressam-se a dizer que não são nem Portugal, nem a a Irlanda nem a Grécia; a França e a Bélgica apressam-se a dizer que não são nem a Grécia, nem a Irlanda, nem Portugal, nem a Espanha, nem a Itália; a Alemanha e a Finlândia apressam-se a dizer que não são aqueles que já caíram; os EUA apressam-se a dizer que não são nem a Grécia nem Portugal.

Outro exemplo... a Tunísia entrou em convulsão e os restantes países árabes apressaram-se a dizer que não eram a Tunísia; o Egipto entrou em convulsão e os restantes países apressaram-se a dizer que não eram nem a Tunísia nem o Egipto; a Líbia entrou em guerra e a mesma coisa.

Antes disto, quando o Iraque foi invadido, também os seus vizinhos se apressaram a dizer que não são o Iraque.

Há umas décadas, Portugal e Espanha diziam que não eram África nem a América Latina.

E mais exemplos haverão.

Porque será que quando há dificuldades, a maioria das pessoas em vez de se unir para resolver o problema, escolhe dizer que não faz parte do problema quando o tempo está contra eles se esperar o suficiente também poderá ser engolido?

Porque será que as lideranças dos países se comportam da mesma maneira?

Chico Buarque - Tanto Mar

domingo, 11 de setembro de 2011

Tão diferentes... tão iguais.

Há alguém aqui que há tempos pôs o dedo na ferida: Eles não querem. E é isso mesmo. Os partidos da esquerda não querem. Isso voltou a ficar claro com Jerónimo na semana passada na Festa do Avante. Isso ficou claro este fim de semana no congresso do PS. Não há política de alianças. O PCP será governo quando o Povo quiser. Ao contrário, o PS até tem a expectativa de que o poder lhe caia no regaço. E vai ficar pacientemente à espera. O PCP também. Ao PS nem lhe convém outra coisa. Nem ao PCP. Vão ser quatro anos de muitas dificuldades e o melhor que pode acontecer é que não seja o PS a sofrer o desgaste. Se virmos bem, ambos (PS e PCP) pensam da mesma forma, com a diferença que um vai tendo mais votos que o outro.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O PALOP

Era jovem, perspicaz, suave, doce, muito culto que quando o viam não davam nada por ele, tal era a sua aparente ingenuidade. Tinha conseguido uma bolsa para estudar numa das nossas universidades estatais, na mesma que estudavam meninos de muito boas famílias, e outros jovens que tinham que trabalhar em callcenters para pagar o seu estudo. Falava fluentemente várias línguas o que fazia que no callcenter quando recebiam uma chamada de algum estrangeiro, fosse ele a ficar com o encargo. Claro que não ganhava mais por isso. O sua capacidade era uma mais valia para a empresa, não para ele. Era tal a dificuldade em que vivia que para minimizar a fome, pedia emprestado. No fim do semestre, os meninos de bem que estavam a acabar e necessitavam de fazer a sua tese de fim de curso, como eram uns incapazes, pagavam-lhe 1000 euros por tese. Num mês fazia cerca de 4 testes. Todas laureadas. Dessa forma, conseguia pagar as suas dívidas, mas não conseguia obter notas para transitar para o terceiro ano. Simplesmente não tinha tempo. Afinal, o trabalho no callcenter e as 4 teses por mês não lhe deixavam tempo nem para dormir e nem pensar ir às aulas. No fim, os meninos bem iam trabalhar para o escritório do papá. O nosso jovem... encontrei-o no autocarro a chorar com as malas porque voltava para casa. Tinha chumbado. Que iria dizer à sua família que tanto esperavam dele?

E inesperadamente...

A "necessária" selecção de doentes de segunda que terão que morrer para que o SNS caiba no orçamento minimalizado enquanto uma minoria terá acesso a uma alternativa privada à disposição daqueles que a podem pagar, ocorre recordar Orwell quando diz que "todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros", o que faz esta nossa revolução em curso perigosamente recordar um regime ditatorial comunista.

Desculpem ser malicioso, mas não resisto...

Trata-se do PS no seu melhor: aliam-se em função de amizades pessoais e não de ideias. Sabem? É que me custa a aceitar que se trate de um partido burguês e não de um partido de esquerda. Por ter dificuldade em aceitar essa realidade é que me revolto quando se defende as posições do PS. Se aceitasse que se tratava de um partido burguês não teria nenhuma dificuldade em entender posições em defesa do PS. Peço-vos que tenham paciência comigo, sim?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Até que enfim

http://www.presidencia.pt/?idc=37&idi=56623

Começo a entender este nosso presidente. Primeiro tínhamos que entender os mercados. Depois muda de opinião sobre a Moodys. Agora pretende ir contra os mercados. Certamente no produto mais importante deste país. Escolhe aquele que mais riqueza nos deixa: os jogadores de futebol. Entendo porque nestas coisas temos que ser modernos e holísticos. A realidade é a que é e actualmente um bom jogador de futebol vale mais do que dois bancos. E por isso devemos ser racionais e apostar proteger fortemente este nosso inovador produto de exportação e, quem sabe, levantar barreiras alfandegárias à entrada da concorrência. Afinal temos o melhor treinador do mundo, os melhores jogadores do mundo, o maior clube do mundo, de tal forma que é através do inovador apoio a este nicho que o nosso país vai pagar dívidas, equilibrar a balança de pagamentos e formar empresários dinâmicos para sair alcançar e mesmo ultrapassar os nossos países competidores.

Bem haja, Senhor Presidente!

Curioso...

A direita defende o mercado livre mas politicamente pratica a coordenação entre os actores de tal forma que o entendimento é sempre possível;
a esquerda defende o mercado fortemente regulado mas politicamente pratica a concorrência entre as forças que a decompõem.
Sendo assim, tanto a direita como a esquerda afirmando uma coisa praticam o seu contrário, com uma pequena diferença: naquilo que é importante, a direita consegue fazer passar a sua ideologia à esquerda no que toca a poder e determinar desta forma a direcção da sociedade enquanto a esquerda engole inteiro a ideologia de direita sem perceber que o resto decorre disso mesmo.

Zizek

sábado, 20 de agosto de 2011

Como fazer o nosso país recuperar?

Penso que a resposta poderá estar na recuperação de uma exigência que a sociedade parece já ter esquecido: o pleno emprego. Numa situação em que tanta gente está desempregada, subempregada ou estando empregada continua na miséria, a exigência do Estado como empregador de último recurso numa actividade socialmente necessária e justamente paga deverá certamente ser mobilizador de vontades da imensa parte da população e constituir talvez a principal razão para unir esforços em redor de uma alternativa à austeridade sem fim à vista.
Mas o que é "empregador de último recurso"? Da mesma forma que em caso de falência de um banco o estado é o garante dos depósitos até determinada quantia, também o Estado deveria ser o garante de que cada um tem a possibilidade de trabalhar para dessa forma poder pagar um nível de vida digno para si e para os seus.
O custo desta medida é também descomunal. Implicaria a possibilidade de emitir moeda ou aumentar a dívida. Implicaria a imposição de barreiras aduaneiras aos produtos e serviços que seriam produzidos segundo este modelo. Se alguns países da UE podem levantar barreiras à circulação de pessoas por motivos de segurança nacional, porque razão não haveremos nós impor barreiras à circulação de produtos que causam a nossa miséria?
A Segurança Social fica equilibrada, a economia em vez de decrescer começa a crescer e será o motor de arranque do país.
Uma nota adicional. Isto que estou a descrever, ao contrário das experiências de laboratório a que estamos a ser sujeitos actualmente já foi levado a cabo. Quem o fez não foi nenhum revolucionário marxista, nalguma democracia popular, não foi Lenin na antiga URSS. Isto foi feito por Franklin Roosvelt após a recessão de 1929. Este senhor ganhou as eleições nos EUA afirmando que se fosse eleito iria taxar a parte de cima da sociedade no que fosse necessário para a recuperação do seu país. E foi eleito. Por 4 vezes seguidas. Que estamos à espera?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Saques

Os saques na GB foram terríveis. Em termos monetários foram da ordem das dezenas me milhões de euros. Causaram a miséria de muitas pessoas. Foram de uma violência sem qualquer justificação.

Os saques a que estamos a ser submetidos (ver http://sicnoticias.sapo.pt/economia/article729353.ece) tem uma justificação: avareza, que causa a miséria do nosso povo, é da ordem dos milhares de milhões de euros e são saques devastadores.

A diferença entre uns saques e outros é o estrato social de quem os executa, a magnitude destes e a impunidade dos últimos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Opiniões unânimes a meio caminho

Porque razão a polícia britânica não conseguiu reagir de forma apropriada aos motins desta semana? Segundo David Cameron, “A verdade é que a polícia enfrentou um desafio novo e único ao lidar com muitas pessoas a fazer o mesmo – basicamente a saquear – em diferentes locais e ao mesmo tempo”. E então, como é óbvio, é necessário tomar medidas de restrição. Penso que esta opinião será unânime.

se virmos bem, é exactamente o que acontece nos meios financeiros, quando se começa a especular com as dívidas de países, de matérias primas e tantas outras coisas: trata-se de muitas pessoas a fazer o mesmo – basicamente a saquear – em diferentes locais e ao mesmo tempo.

Se é evidente na situação em que os miseráveis o fazem, porque razão não o será quando isso é feito calmamente a milhares de quilómetros de distância, ao som de música clássica e com o frigorífico cheio?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aviso já: vou ser polémico.

Aviso já: vou ser polémico.

Vejam este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=xsS8kTQkjfE

Horrível não é? Mas não será exactamente o que todos temos assistido a ser realizado sem qualquer dó pelos poderosos destes mundo quando retiram do trabalho para dar ao capital? Por cá vamos assistir a um novo roubo com a redução da TSU. Podiam ir buscar aos movimentos bolsistas, aos movimentos de capital mas, como é óbvio, vão buscar a parte de baixo da sociedade. Isso também é violência, só que não se vê. O curioso é que ainda não se fez nada para culpar os responsáveis pela tragédia como ainda por cima se lhes dá uma ajuda paga por outros. Será que os meios políticos conseguirão evitar as pilhagens em ambos os campos: nas ruas e nos meios financeiros?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Para entender melhor a realidade europeia

http://static.guim.co.uk/interactivesaved/2011/7/28/1311869032091/836732/map1.swf

Pôr o dedo na ferida

O défice público é de uns 13 mil milhões de euros.
Os 25 mais ricos de Portugal aumentaram fortunas para 17,4 mil milhões (http://economia.publico.pt/Noticia/os-25-mais-ricos-de-portugal-aumentaram-fortunas-para-174-mil-milhoes_1505014).
Não deixa de ser curioso que 25 pessoas tenham mais do que o valor astronómico do valor do défice. Será que não se justifica nenhuma medida correctora no 1% superior? Até sobrava...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Talvez tenham razão

Uma grande parte da nossa elite considera que Portugal deve resolver os problemas relativos à dívida pelos seus próprios meios.

Considerando que
  • a democracia portuguesa determina que o estado deve garantir um mínimo de condições aos seus cidadãos, 
  • que moralmente é inaceitável que aqueles que menos têm tenham que ser sacrificados, porque o que têm já não lhes chega para o essencial, 
  • Portugal é dos países com um coeficiente Gini mais desigual,
e que Portugal, enquanto nação:
  • responsável,
  • que paga as suas dívidas,
  • que assume as sua responsabilidades,
reconhecendo que à sua elite corresponde o papel de liderança e participação activa na formação de uma sociedade mais justa e próspera para todos, sendo esta a mais lúcida na análise das razões de nos encontrarmos nesta situação, deverá ser esta mesma a dispor do seu excedente e seja este a ser tributado na quantidade que for necessária para o equilíbrio das contas públicas e consequente recuperação económica do País.

domingo, 24 de julho de 2011

Michael Hudson: Guns and Butter - The New Junk Economics: From Democracy to Neoliberal Oligarchy

Guns and Butter - The New Junk Economics: From Democracy to Neoliberal Oligarchy - February 10, 2010 at 1:00pm

Click to listen (or download)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Foda-se

O orgulho ferido

Se o corte no rating da dívida portuguesa serviu para algo, foi para unir os portugueses.
Está a decorrer permanentemente uma reunião online de técnicos que estão a usar aquilo que aprenderam da escola da vida ou na universidade (nestas coisas é difícil dizer quem é que sabe mais), cujo fim é colocar o site da Moodys em baixo. Não é fácil porque a infraestrutura é gigantesca.
Veremos o resultado no Domingo às 15:00.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Será que a reacção do BCE em relação ao downgrade da dívida portuguesa é boa?

Na pratica significa que continuarão a disponibilizar aos bancos dinheiro tendo a dívida pública portuguesa como suporte.
Mas isto é bom? Para os bancos sim. Pedem emprestado a um e tal por cento e emprestam ao estado a 16 ou 17 por cento... não entendo como podem os responsáveis deste país ficar descansados... isto significa que no fim de 5 anos tem que se pagar mais do dobro, ao fim de 8 anos mais do triplo, ao fim de 10 anos mais do quadruplo, ao fim de 11 anos mais do quíntuplo, ao fim de 12 anos o sêxtuplo... e cada vez piora mais depressa. Ok, temos que deduzir a inflação que ocorra em cada ano. Suponhamos que é por ano é 3%, então a sequência passa a ser um pouco menos pior... Mas não deixa de ser incomportável.
Mesmo numa situação em que não podemos desvalorizar a moeda para assim, mesmo pagando o mesmo valor nominal se pague de facto menos, o Estado poderia aplicar um imposto a este lucro indevido evitando assim que fosse quem trabalha (empresas e trabalhadores) que pagasse este roubo.
Será que ainda alguém acredita que em recessão, desemprego a aumentar (e consequente aumento dos custos sociais pagos pelo Estado), Portugal vai conseguir cumprir com o Memorando da Troika?
Não seria melhor usar o dinheiro para simplesmente sair airosamente do euro em vez de confiar que as potências centrais alguma vez na vida olharão para a nossa situação? É que no mesmo dia em que ficamos reduzidos a lixo, ainda tiveram a delicadeza de aumentar a taxa de juro do euro... para que assim ainda nos contraíssemos mais...
Ou então, pelo contrário, sabem muito bem o que fazem e estão à espera que a cotação das empresas, praias, monumentos, estradas, terras baixem tanto que com meia dúzia de tostões se apoderem de Portugal.
Pensando bem, do ponto de vista de quem trabalha, qual é a diferença em que a empresa onde labora ser detida por nacionais ou estrangeiros? Qual a diferença em que o dono de uma herdade seja português ou estrangeiro?
Pensando bem, porque razão não se taxa a propriedade e a renda de forma a que se obtenha o necessário para levantar o país? E nesse caso, mesmo que uma parte fique para estrangeiros, o problema já estará a caminho de resolução.
Pensando bem, porque razão quem trabalha deve defender a propriedade dos que a usurparam se estes arranjaram forma de cada vez pagar menos impostos, de tal forma que agora o estado que deveria proteger a todos, está ser desmantelado devido à descapitalização que este foi submetido, dando como resultado um Estado que existirá para os que possam pagar enquanto para os outros restará a misericórdia de alguns que desta forma poderão acalmar a sua consciência?

Game of Thrones Violin Cover

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Agora ainda estou mais preocupado

Até há bem pouco tempo tinha uma esperança que eu estivesse a interpretar o que acontece de forma errada.
A reacção dos partidos do governo ao corte na qualificação da dívida portuguesa leva-me a pensar que pelo menos a nossa mainstream ainda não percebeu como é que isto funciona.
Sem entrar em teorias da conspiração, um sistema que é deixado livre, se não sofre nenhuma alteração significativa, uma vez e entrado em desequilibro seguirá no sentido de cada vez maior desequilibro, e por isso, uma vez a crise começa, têm que ser tomadas políticas de controle para o levar novamente ao equilíbrio.
Por isso, as opiniões manifestadas pelos nossos actuais governantes revelam uma infantilidade que torna perigoso que se mantenham onde estão.
Vendo bem as coisas, esta ingenuidade levará a que se torne mais evidente para a grande maioria da população que se torna necessário soluções muito mais radicais e se acelere ainda mais a cadência da história.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Suponhamos que a Grécia cai...

Se a Grécia cai, é sabido que quem lhe emprestou dinheiro terá que assumir parte do prejuízo. Em particular, os bancos que empataram avultadas somas nesse negócio. Como já estão com problemas de liquidez, com a possível bancarrota da Grécia, ao não receberem o dinheiro de volta, entram eles mesmos em risco de bancarrota. E nessa situação será muito interessante ver o que fazem os estados:
Será que voltam a salvar os bancos, implicando uma nova fabulosa transferência de dinheiro dos cofres dos estados para os bancos, e dessa forma fazer com que os cidadãos voltem a levar às costas as asneiras no sistema bancário?
É uma dúvida genuína.
É por esta questão que Merkel veio com a ideia de fazer com que os privados ajudem voluntariamente ao salvamento da Grécia, porque os cidadãos (aqueles que com o seu voto mantêm ou não os governantes no poder) já perceberam que o dinheiro que empatam para a ajuda à Grécia só tem um único fim: evitar que os bancos percam e mandar esse peso para cima deles próprios, porque como é óbvio, já todos perceberam que o caminho que levamos leva à falência da Grécia.
Isto coloca a Merkel e os restantes governantes num dilema: defender quem os elege ou defender quem lhes paga?

domingo, 26 de junho de 2011

Perguntas sobre consistência

A situação grega é semelhante à que tínhamos em Portugal com o anterior governo: Um governo de um partido que se chama socialista aplicando medidas de austeridade e umas oposições a esse governo e a essas medidas.

Quem estava a favor do anterior governo português também está de acordo com a manutenção do actual governo grego?

Ou a mesma pergunta mas em forma dual da anterior:
Quem está contra o actual governo grego também está contra o anterior governo português?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Alternativa credível

Mark Weisbrot
The New York Times, 10 de mayo, 2011
En Inglés

A veces hay desorden en los mercados porque un gobierno amenaza hacer lo que es mejor para sus ciudadanos. Esto parece haber sido el caso en Europa la semana pasada cuando la revista alemana Der Spiegel informó que el gobierno griego amenazaba con dejar de usar el euro. El euro sufrió su peor caída de dos días desde diciembre 2008.

Funcionarios griegos y de la Unión Europea desmintieron el informe, pero Grecia debería haber amenazado con abandonar el euro hace mucho tiempo, y debería estar preparada para hacerlo. Aunque la medida podría costarle mucho a Grecia a corto plazo, es poco probable que cueste más que los varios años de recesión, paralización y alto desempleo que las autoridades europeas le están ofreciendo.

Deberíamos recordar la experiencia de Argentina a fines del 2001. Durante más de tres años y medios Argentina sufrió una de las recesiones más profundas del siglo veinte. El peso argentino estaba atado al dólar, lo que se parece mucho al uso del euro como su moneda nacional, por parte de Grecia. Los argentinos aceptaron prestamos del Fondo Monetario Internacional, y cortaron el gasto público mientras estallaba la pobreza y el desempleo. Todo esto resultó inútil al profundizarse la recesión.

Después Argentina dejó de pagar su deuda externa y abandonó la convertibilidad con el dólar. La mayoría de economistas y la prensa financiera predijeron que seguirían años de desastre. Pero la economía sólo se contrajo por un trimestre más después de la devaluación y el incumplimiento de pagos; después creció 63 por ciento durante los próximos seis años. Más de 11 millones de personas, en un país de 39 millones, fueron sacados de la pobreza.

Dentro de tres años Argentina volvió a alcanzar su nivel de producción de anterior a la recesión, a pesar de haber perdido más que el doble de su producto interno bruto de lo que ha perdido Grecia durante su recesión actual. En comparación, en Grecia, aun si todo va bien, el FMI proyecta que la economía tardará ocho años en alcanzar su nivel del PIB precrisis. Pero esto es seguramente demasiado optimista – el FMI ha bajado sus pronósticos de corto plazo para Grecia repetidamente desde que comenzó la crisis.

La principal razón detrás de la rápida recuperación en Argentina fue que finalmente fue liberada de políticas fiscales y monetarias que impedían el crecimiento. Lo mismo sería verdad para Grecia si abandonara el euro. Grecia también recibiría un impulso a través del efecto de la devaluación sobre la balanza comercial (igual que Argentina durante los primeros seis meses de su recuperación) ya que sus exportaciones serían más competitivas, y las importaciones estarían más caras.

Reportajes de la prensa también han advertido que si Grecia se desata de la zona del euro, su deuda aumentará como resultado de la devaluación. Pero la realidad es que Grecia no pagaría esa deuda, tal como Argentina no pagó dos tercios de su deuda externa después de su devaluación e incumplimiento de pagos.

Portugal acaba de concluir un acuerdo con el FMI que prevé dos años más de recesión. Ningún gobierno debe aceptar ese tipo de castigo. Un líder responsable señalaría a las autoridades europeas que tienen el dinero para apoyar a Grecia con políticas anticíclicas (como el estímulo fiscal) pero están eligiendo no hacerlo.

Desde el punto de vista de los acreedores – el cual las autoridades de la Unión Europea evidentemente han adoptado – el país que acumula un exceso de deuda debe ser castigado para no alentar la “mala conducta.” Pero castigar a un país entero por los errores de algunos de sus líderes, aunque quizás satisfaga moralmente a algunos, no es una base sólida para una política correcta.

También existe la idea de que Grecia – al igual que Irlanda, España, y Portugal – puede recuperarse a través de la “devaluación interna.” Eso implica un aumento en el desempleo, tanto que los sueldos terminan cayendo lo suficiente como para que el país sea más competitivo a nivel internacional. Pero el costo social de esa política es extremadamente alto y casi nunca funciona. El desempleo ha duplicado en Grecia (hasta 14,7%), subió más que el doble en España (hasta 20,7%), y más que el triple en Irlanda (hasta 14,7%). Pero la recuperación es escurridiza todavía.

Podemos estar seguros de que las autoridades europeasle ofrecerían a Grecia un mejor acuerdo bajo la amenaza creíble de que se desprendiera de la zona del euro. De hecho, hay señales de que tal vez ya hayan actuado en respuesta a la amenaza de la semana pasada.

Pero al final de todo, Grecia no puede aceptar un acuerdo que no le permite crecer y salirse de la recesión. Préstamos que se condicionan a las llamadas políticas “procíclicas” – recortar el presupuesto y aumentar los impuestos ante una recesión – se deben quitar de la mesa de negociación. El intento de contraerse para salir de la recesión en Grecia ha fracasado. Si eso es todo que las autoridades europeas tienen para ofrecer, entonces ya es hora de que Grecia, y tal vez otros, se despidan del euro.

Mark Weisbrot es codirector del Center for Economic and Policy Research (CEPR), en Washington, D.C. Obtuvo un doctorado en economía por la Universidad de Michigan. Es también presidente de la organización Just Foreign Policy.

Original aqui.

Robert Reich Explains the Economy in 2 Minutes

terça-feira, 21 de junho de 2011

Divida Privada Para Divida Pública

Piratas

João Ferreira do Amaral

Aqui.

Somos todos gregos

Uma proposta Modesta (YANIS VAROUFAKIS and STUART HOLLAND).


Open letter to the Greek Prime Minister

6Jun

Dear George,

A few days after the 2009 election that brought you to power, you told your cabinet in a televised meeting: “We are anti-authoritarians in authority”. Most of your cabinet, men and women who had been craving authority for years, looked at you incredulously, while your detractors mocked you. You seemed rather lonesome at that moment. And yet, to the degree that I know you, you were utterly authentic in uttering that thought.

Since then much poisoned water has flowed under the proverbial bridge. The utopian declarations were swamped by an angst-ridden effort to save the country. It forced you not only to clench your teeth, and to drown out your utopian self, but also to renounce some of your basic convictions about what ought, and what ought not, to be done by those in authority. To the extent that I know you, I am convinced you considered your harsh decisions to have been the best of a hideous lot. And I can imagine your loneliness just after you took each one of them.

Thus we arrived in May 2010, a juncture where you were ambushed by the most momentous decision any peacetime Prime Minister has had to face hitherto. You know that we disagreed on whether it was the correct decision. It matters little now. They convinced you that the deal you put your signature to was a genuine bailout; a lifejacket offered after a shocking shipwreck for the purposes of allowing the shipwrecked a chance to buy time and find their way, through stormy waters, toward some terra firma. I considered the same ‘bailout’ a massive ball-in-chain, attached to our collective ankles, dragging the whole of the eurozone toward the bottom (surplus and deficit nations alike, North and South bound together in a deathtrap). You chose to follow the advice of your counsellors, and of the captains of finance, judging that the ‘bailout’ was, indeed, buying you precious time. Nevertheless, to the extent that I know you, your decision filled you with angst and sadness.

For months now you knew that the ‘bailout’ was failing because it was in its DNA to fail (and not because it was not followed as best as it could have been by your government). We, economists, as you well know, disagree on almost everything. History has, however, taught us two lessons: (1) You cannot save the bankrupt by means of expensive, new loans; and (2) Swinging austerity cannot and will not reduce the deficits and debts of a macro-economy caught in a savage recession, especially when it is unable to devalue its currency and, to boot, forced to operate in a recessionary global and regional environment. Last year’s ‘bailout’ violated both principles. Is it any wonder it failed?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ramos-Horta: A economia, os mercados e as democracias

Teria sido possível, como propus há meses, evitar que Portugal fosse
obrigado a pedir ajuda financeira especial.

A situação por que Portugal passa é relevante para todos nós. Se queremos
evitar o pior, devemos extrair dela as lições apropriadas.
Teria sido possível, como propus há meses, evitar que Portugal fosse obrigado a
pedir ajuda financeira especial. Esta foi sempre a minha convicção, baseada em
todos os dados económicos e financeiros credíveis, disponíveis publicamente.
A situação actual poderia ter sido evitada com o apoio do Banco Central
Europeu, se o BCE tivesse sido mais pró-activo e agressivo na compra de dívida
soberana portuguesa, a juros mais justos e sustentáveis. Uma intervenção firme
do BCE teria mandado um sinal poderoso aos mercados, suficiente para impedir
que especuladores se atrevessem a lançar-se como abutres sobre Portugal,
como antes haviam feito com a Grécia e a Irlanda, quando a informação
disponível indica que a situação portuguesa é totalmente diferente das destes
países.
Estranhamente, ninguém questiona a credibilidade de agências de rating cujas
iniciativas foram instrumento do assalto especulativo a economias de alguns
países periféricos. As agências, como Moody"s,Standard and Poor"s e Fitch,
para referir apenas as maiores, não alertaram e, alegadamente, não previram a
débacle dos bancos islandeses ou do sistema financeiro americano, em 2008.
Os ratings destas agências não reflectiram os sinais de especulação em Wall
Street, onde charlatães como Bernard Madoff operaram tranquilamente, anos a
fio, na impunidade. Nem estão em causa, apenas, figuras como Madoff. O
senador Carl Levin, presidente da subcomissão de Investigação do Senado, num
relatório que condensa dois anos de trabalho, propõe que Lloyd Blankfein, CEO
da Goldman Sachs, uma das maiores firmas de Wall Street e do mundo, seja
referido ao Departamento de Justiça para possível processo-crime sobre várias
condutas, incluindo defraudar investidores e mentir ao Congresso.
As agências de rating estão a actuar como manipuladores do mercado e da
opinião pública, fabricando falsas "realidades" com impactos globais.
Os dados objectivos de que dispomos indicam uma situação de Portugal muito
diferente da impressão promovida pelas agências de rating e os especuladores.
Vejamos alguns factos da economia portuguesa recentemente recordados num
importante artigo do professor Robert Fishman, da Universidade norte-americana
de Notre-Dame, publicado no New York Times.
A dívida portuguesa está bem abaixo do nível da de outros países, como a Itália,
que não foram alvo de avaliação alarmista e da especulação dos mercados.
O défice português é inferior ao de vários países da União Europeia e tem-se
reduzido rapidamente, com as medidas tomadas pelo Governo.
Antes dos especuladores provocarem o disparo das taxas de juro para níveis
insustentáveis, a economia portuguesa dava sinais positivos de recuperação.
Portugal recuperou da recessão de 2008 mais depressa do que outros países da
União Europeia e, no princípio de 2010, a sua taxa de crescimento económico
era das melhores entre os países da União.
Com base numa avaliação ponderada da situação, em 2010, tomei iniciativas
com o objectivo de estimular o interesse numa intervenção de países da CPLP,
comprando dívida soberana de Portugal.
A proposta tinha em vista a acção coordenada e simultânea de vários países,
como Timor-Leste e Angola, sob liderança do Brasil, pelo peso financeiro e
político deste país à escala global, adquirindo dívida soberana portuguesa,substancialmente abaixo dos juros impostos pelos mercados.
Uma intervenção coordenada teria ajudado a estancar a hemorragia financeira,
precipitada pelas agências de rating e seus cúmplices especuladores.
Simultaneamente, o BCE devia também actuar mais agressivamente na compra
de dívida portuguesa.
Intervenções coordenadas arrastariam as taxas de juro para níveis sustentáveis,
evitando o envolvimento do FMI. As receitas do FMI, no passado, conduziram
sempre ao empobrecimento dos países onde foram aplicadas e o Brasil foi um
exemplo notório de vítima desse tipo de receitas.
Logo que assumi o cargo de Presidente da República, em Maio de 2007, alertei,
em reuniões do Conselho de Estado e com o Governo, para o que adivinhava
então ser uma rápida depreciação do dólar, que veio, de facto, a ocorrer. Na
altura propus a diversificação rápida de aplicações financeiras dos activos do
nosso Fundo de Petróleo, que estavam investidos exclusivamente em obrigações
do Tesouro dos Estados Unidos. Propus que a diversificação incluísse outras
dívidas soberanas e, provavelmente, aplicações em activos estratégicos, como
energias renováveis, telecomunicações, etc.
Nesta sequência lógica, não é de estranhar que, com apoio do primeiro-ministro
Xanana Gusmão e do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, homem forte da oposição,
Timor-Leste viesse a investir em dívida soberana portuguesa a cinco ou dez
anos, como um investimento credível, seguro e rentável, a um juro muito abaixo
do imposto por especuladores internacionais. A condição do investimento do
nosso fundo é que as aplicações ofereçam credibilidade e, obviamente, garantam
um retorno a médio e longo prazo que justifique o investimento feito.
Timor-Leste tem presentemente uma posição financeira invejável, apesar dos
enormes desafios de desenvolvimento que temos para resolver, os quais
recordam diariamente que não chega ter riqueza para se construir uma sociedade
de bem-estar, sendo necessário aplicá-la com ponderação e distribuí-la com
justiça.
A nossa economia registou taxas de crescimento de dois dígitos nos últimos
quatro anos e a revista The Economist previa recentemente que Timor-Leste
estará entre os nove países do mundo com maiores taxas de crescimento, em
2011. O Economist Pocket Book de 2010 sobre Timor-Leste refere-nos como o
país do mundo com maior superavit, representado quase 300% do PIB. Somos
também um país sem dívida externa, pública ou privada.
Não obstante, sabemos estar perigosamente dependente de uma única fonte de
receita - petróleo e gás -, e que, para redução da dependência, é necessário
continuar a desenvolver e intensificar estratégias de diversificação da economia,
que só mostrarão resultados significativos a prazo de 10 a 20 anos.
As minhas propostas e iniciativas não nasceram apenas do sentimento de
solidariedade que temos com Portugal. Nasceram também da indignação pelo
comportamento dos senhores que dominam os meios financeiros mundiais.
Eles causaram o colapso económico-financeiro de que o mundo está a sofrer as
consequências e, apesar disso, continuam, com total desplante, a influenciar os
ratings de países e, com o eco dos media, a empolar gravemente e a beneficiar
de situações que eles próprios ajudam a criar.
É óbvio que a adopção do euro por países com níveis de desenvolvimento muito
diferente, na Europa, criou problemas próprios, com perda pelos bancos centrais
nacionais da capacidade de influenciar a política monetária dos respectivos
países, em resposta às necessidades das suas economias. Mas o euro não é a
raiz do problema, como se percebe da crise bancária tornada crise soberana em
países fora da zona euro, como a Islândia.
É também óbvio que Portugal, embora em franca modernização e recuperação
económica, até há pouco tempo, terá de diversificar os seus parceiros
comerciais. A economia portuguesa deve dirigir-se mais agressivamente a
mercados em grande expansão como o Brasil, Angola, África do Sul, Índia, China
e outras economias asiáticas e investir mais em áreas em que tem know-how e
capacidade comprovada - das energias renováveis à engenharia civil,
agro-indústria, vinhos, calçado e outros, para os quais existem enormes
mercados nas economias emergentes.
Mas o que torna a situação de Portugal um assunto do interesse de todos é a
capacidade dos especuladores e da acção não regulada dos mercados imporem
a sua vontade e as suas propostas económicas a países inteiros, contra a
vontade do seus povos e dos Governos democraticamente eleitos. Hoje
acontece com Portugal, amanhã acontecerá com outros países.
Como alerta o prof. Fishman, "no destino de Portugal há um aviso claro". Se
continuarmos a permitir que levem a melhor, os especuladores não vão parar
aqui. Presidente da República Democrática de Timor-Leste. Prémio Nobel da
Paz (1996), Díli, 15 de Abril de 2011.

Disponível aqui.

Dilma já admite comprar títulos da dívida portuguesa

Dilma já admite comprar títulos da dívida portuguesa

Segundo a presidente, outras alternativas são estudadas, como a compra antecipada de títulos brasileiros que estão nas mãos do governo português

Dilma: flores e proposta de ajuda na chegada a Portugal Dilma: encontro com José Sócrates foi cancelado devido à volta antecipada ao Brasil (Paulo Novais / EFE)
Apesar de ter se calado, na última terça-feira, sobre a possibilidade de o Brasil comprar uma parte da dívida soberana portuguesa para ajudar a economia a superar a grave crise financeira, a presidente Dilma Rousseff voltou atrás. Nesta quarta-feira ela afirmou à imprensa lusitana que o país poderá usar o artifício para colaborar com Portugal. "Estamos estudando a melhor maneira de participar na recuperação da economia portuguesa. Nossas equipes têm um diálogo permanente e fluente sobre esta questão", declarou Dilma em uma entrevista ao jornal Diário Econômico.

"Uma das possibilidades é a compra de uma parte da dívida soberana portuguesa", destacou a presidente, que também mencionou a análise de "outras alternativas", como "a compra antecipada de títulos brasileiros atualmente nas mãos do governo português". Dilma já havia destacado na terça-feira que o Brasil faria todo o possível para ajudar Portugal, mas também lembrou que no país existem "regras muito rígidas sobre a utilização das reservas". A presidente disse ainda que, até o momento, Portugal não apresentou nenhum pedido formal de ajuda.
Portugal é considerado o próximo candidato a uma ajuda financeira internacional similar à já recebida por Grécia e Irlanda, outros dois membros da zona do euro. Os prazos financeiros espreitam o governo lusitano, que deve pagar 4,2 bilhões de euros de dívida em 15 de abril e outros 4,9 bilhões em 15 de junho. Para certos analistas, Portugal pode tentar superar os vencimentos com empréstimos de outros países sob a forma de compras diretas de sua dívida.

A China, que segundo informações da imprensa nunca desmentidas já teria comprado mais de um bilhão de euros da dívida portuguesa em janeiro, afirmou na semana passada estar disposta a "reforçar os laços" com Portugal. Na quarta-feira da semana passada, o primeiro-ministro português José Sócrates renunciou depois que o Parlamento rejeitou um novo plano de austeridade, que pretendia garantir a redução do déficit público a 2% do PIB até 2013 e evitar o recurso a uma ajuda financeira internacional.

Na entrevista ao Diário Econômico, Dilma Rousseff afirmou ainda que muitas empresas brasileiras estão "interessadas no mercado português" e que deseja uma cooperação maior entre os dois países, especialmente nos "setores de energia, turismo, aeronáutica, telecomunicações e meios de comunicação". "Portugal é um país muito importante para o Brasil. É nossa porta de entrada para a Europa", destacou.

Em Coimbra desde terça-feira, a presidente encurtou a visita a Portugal ao tomar conhecimento da morte do ex-vice-presidente José Alencar. Por essa razão, ela cancelou as reuniões previstas para a tarde de quarta-feira com o colega português, Aníbal Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro demissionário José Sócrates, e deverá voltar ao Brasil para acompanhar o velório de Alencar.
(Com agêcia France-presse)

Disponível aqui e aqui.

José Luis Sanpedro

José Maria Castro Caldas

War by Other Means: John Pilger